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ENTREVISTA COM O PROFESSOR DA FATEC DE ITAPETININGA, JEFFERSON BIAJONE

  • Foto do escritor: Fala Sério Eletiva
    Fala Sério Eletiva
  • 2 de jan. de 2018
  • 6 min de leitura

1) Fale-nos um pouco sobre a sua formação acadêmica e a sua atuação profissional. Fique à vontade para relatar experiências e nos dar quaisquer informações que o senhor desejar ou julgar pertinentes.

“É com enorme prazer que estamos aqui na Escola Ernesta Xavier Rabelo Orsi, uma escola de que há aproximadamente 25 anos eu tive o privilégio de ter sido aluno aqui na 5ª série, então para mim é como voltar para casa porque uma vez eu estive aí também sentado onde vocês estão hoje e foi com grande alegria que eu recebi o convite de poder participar aqui e contar um pouco da minha história de vida. Tudo começou quando tive, no Ensino Médio, um professor de matemática que me chamou muito a atenção pela dedicação com a qual ele se dedicava ao ensino da matemática, só que ao mesmo tempo tinha um professor de inglês que fazia uma aula muito boa do conteúdo e, naquela época sem saber exatamente o que eu queria fazer da minha vida, adolescente, com inúmeras possibilidades, eu vi ali, naquela paixão com que me envolvi no conteúdo de matemática e de inglês, a possibilidade de me tornar também professor.”

“[...] quando descobri a vontade de ser professor de matemática e de inglês, coloquei na minha cabeça que eu deveria perseguir aquele objetivo e, mesmo vindo de uma família sem recursos financeiros para que isso fosse possível, me dediquei aos estudos e, aos poucos, fui obtendo os degraus da caminhada que necessários eram para eu atingir os meus objetivos. Primeiro eu me formei em matemática, pela Universidade Estadual de Campinas, também conhecida como Unicamp e, anos depois, já trabalhando na área, consegui, então, fazer o curso de licenciatura em inglês. Nesse processo, sempre trabalhando como professor, ora de matemática, ora de inglês, também consegui ingressar no mestrado, na área de Educação, também pela Unicamp e, aproximadamente, 10 anos depois, já trabalhando inclusive na Fatec de Itapetininga, consegui realizar o último sonho da minha formação, que era realizar o curso de doutorado na área de ensino de Ciências e Matemática, também pela Universidade Estadual de Campinas.”

“Nesses anos todos, morando em várias cidades e também morando distante da universidade, eu tive que obviamente tomar ônibus para poder enfrentar essa longa jornada de trabalho e hoje olhando para vocês tão jovens, tão cheios de vida e obviamente de sonhos, eu digo que não desanimem do que passa em vossas cabeças e da vontade que vocês têm de serem muito mais do que possam imaginar, eu tive grandes dificuldades que precisaram ser superadas, mas, com a Graça de Deus e também com a dedicação isso foi possível.”.

2) Vimos que o senhor tem diversos projetos em extensão na Fatec de Itapetininga, quais deles são voltados também à comunidade? Fale-nos um pouco sobre eles.

“A nossa Faculdade de Tecnologia de Itapetininga é um polo de formação de líderes e também pessoas que se dedicam ao próximo. No caso, nós temos projetos voltados à comunidade que vão, desde o ensino do idioma, que é feito de forma gratuita aos finais de semana, e até mesmo para se encontrarem no Cemitério Municipal de Itapetininga túmulos de pessoas que faleceram ou que participaram de revoluções e combates aqui na nossa cidade e região.”.

“O trabalho da Fatec de Itapetininga, além de formar tecnólogos em diferentes áreas, também é preparar cidadãos para o exercício da cidadania, isso passa obviamente por atendimento às necessidades da comunidade e eu, particularmente, nesse trabalho que desenvolvo junto a um projeto chamado “Morada de heróis”, que é um projeto de iniciação científica de nossos alunos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, estamos voltados a resgatar a história de vida desses ex-combatentes, ou seja, o que eles significaram como cidadãos e o que eles são para nós hoje como exemplos de vida e de heroísmo: isso é feito através da leitura de um QRCode que é colocado no túmulo deles lá no Cemitério Municipal de Itapetininga.”

3) Vimos no seu currículo que o senhor é presidente-fundador do Núcleo MMDC de Itapetininga (Sociedade Veteranos de 32-MMDC) e do Portal dos Ex-Combatentes de Itapetininga, também é gestor do Portal dos Expedicionários Campineiros. Fale-nos um pouco sobre esses trabalhos.

“Tanto o Núcleo MMDC quanto o Portal dos Ex Combatentes são duas iniciativas 100% digitais, ou seja, houve um momento em que, com a nossa aproximação do Instituto Histórico, geográfico e Genealógico do Município de Itapetininga e também com a Academia Itapetiningana de Letras, instituições aqui da nossa cidade, nós vimos a necessidade de ter disponibilizada para as pessoas a história de vida dos ex-combatentes de 32 e também da Segunda Guerra Mundial.”.

“[...] essas pessoas, que agora uma já é falecida, outras estão entre nós, têm muita história para contar e certamente tanto a criação do Portal dos Ex-Combatentes quanto o Núcleo vêm com o intuito de colocar essas histórias para que todos conheçam e isso, de uma forma direta ou indireta, torna também o ensino e aprendizagem da história aqui na escola e na universidade mais viva, porque traz à tona heróis que participaram desses momentos históricos que nós conhecemos apenas nos livros e que infelizmente muitas das vezes acabam por não serem conhecidas por não serem divulgadas ou não aparecerem nos livros oficiais de história.”.

4) Há algo que o senhor queira falar sobre os trabalhos que o senhor tem publicado ou sobre os títulos que o senhor conquistou?

“Bom, os títulos e honrarias nos enchem obviamente de muita alegria, mas o mais importante é o significado que está por trás disso tudo, ou seja, o sacrifício, a produção, o trabalho, as horas dedicadas a tudo isso e eu digo a vocês que a sociedade, ela sempre retorna ao cidadão aquilo que ele a ela concede.”

“[...] o que eu gostaria de deixar de mensagem para vocês é que não deixem de alimentar os seus sonhos, sejam quais forem eles e não fiquem influenciados pelas origens que tiveram, ou pelas dificuldades que estão, no momento, enfrentando, porque tudo isso é passageiro. E o dia que eu estava sentado aí do outro lado deste microfone jamais me passava pela cabeça o que seria um veterano da Revolução de 32, o que seria um ex-combatente da 2ª Guerra Mundial, o que seria eu dando aula, ou até mesmo que um dia eu trabalharia numa instituição que fosse de tecnologia, ou que eu fosse andar no meio de túmulos, colocando códigos de barra para resgatar a história de nossos heróis, isso jamais me passou pela cabeça e certamente para você neste exato momento também há algo de extrema novidade, mas não se preocupe com isso, a caminhada da nossa vida é justamente dessa forma, ela tem os seus mistérios e é justamente neles que reside a grandeza de viver, de você não saber o que vem vindo aí, mas confiar que lá na frente o que você vem fazendo agora vai fazer sentido e vai resultar em algo muito grande. Então, apenas não desista de viver e nem tampouco de sonhar.”.

5) O que a senhor tem a dizer para quem tem interesse em ser um professor como o senhor?

“Eu me sinto muito lisonjeado por estar aqui hoje concedendo esta entrevista e também por ter sido chamado por vocês, eu não me considero um professor 1000%, eu acredito que estamos sempre aprendendo e necessário é que esse aprendizado seja contínuo por toda a vida, mas o que eu posso dizer a vocês é o que um dia me disse um professor no qual eu me espelhei: eu acredito que para ensinar, para trabalhar com o ser humano, que é isso o que o professor faz, ele precisa gostar de estar entre seres humanos, ele precisa estar além da matéria a qual ele ensina, ele precisa também enxergar o que se passa dentro do coração das pessoas e hoje em dia, pessoal, no mundo tecnológico no qual vivemos, muito dessa tecnologia nos tem atrapalhado para enxergar realmente o ser humano na sua essência, ficamos tão preocupados em computadores, em celulares, em aprender a usar essa tecnologia e, por vezes, deixamos de lado aquele que opera a ela, que é o principal material ou matéria prima da nossa existência. E a nossa razão de ser como educadores, como professores é o aluno, que é o ser humano. Então, você querendo ser professor, antes de mais nada seja um humanista, uma pessoa que está em prol da humanidade, que, sem sombra de dúvida, é uma profissão sofrida porque exige dedicação, uma dedicação que passa das horas em que estamos aqui em sala de aula, que vão muito além até. Mas, a todos vocês, de uma forma ou de outra, sejam professores profissionais ou não, certamente o serão em suas vidas, porque, a partir do momento em que você precise educar alguém, você precise ensinar alguma coisa para alguém, que você precise dizer alguma coisa para alguém, seja em recomendação ou não, você já é um professor! Então, sinta-se feliz também por fazer parte desse seleto grupo.”.


 
 
 

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